Bom
estar novamente com vocês, amigos e gente que acessa o site TORDESILHAS,
abrangente, que enfoca todos os assuntos palpitantes da semana, mas também dá
um tempo para curtir literatura, arte e a vida.
As
histórias de São Domingos do Zé Feio sempre fazem muito sucesso e, atendendo a
pedidos, hoje trazemos asmemórias e histórias que me acompanham do convívio com
a juventude são-dominguense naqueles nossos Anos Dourados que foram aqueles
anos 60.
E o arremate é um conto típico dos nossos dias atuais ALTAS HORAS NA PISTA DE SKATE, do meu livro de contos, ainda inédito, PEDAÇOS DE ALBERTO CARONTE.
Costumes, usos e abusos
Choque
de gerações. Usei o termo “abusos” pra chamar mais a atenção. Mas não havia
abusos. O que houve foi o que tem acontecido através do séculos. O novo e o
velho. O que está saindo e o que está chegando. É assim que começo essas
reminiscências de um tempo que a juventude, a minha e a de muitos, viveu e que
gostaria jamais fosse apagada da nossa lembrança.
Depois
da infância, quase sempre obediente, da escola pra casa, sob a guarda, a
orientação, o domínio absoluto das normas de pais e professores, vem um tempo
diferente, difícil às vezes, mas do qual não abrimos mão por nada. A gente já
não é mais criança e já não obedece aos pais tão cegamente. Começa a ter outros
pontos de vista diferentes e se costuma lutar por eles. Aí a gente passa a ver
a vida com outros olhos.
Aqueles
bancos de madeira, em volta das figueiras que existiam na Praça Getúlio Vargas,
não serviam apenas para que os feirantes, vindos do interior, amarrassem seus
animais nos dias de sábado. Serviam como bancos de praça onde nós, jovens
são-dominguenses, começávamos os nossos namoros.
Paquera,
ficar, isso veio depois. No nosso tempo era namorar mesmo. Lembro de tanta
gente e ao mesmo tempo esses nomes me fogem numa brincadeira de esconde-esconde
da memória. Graça Souza, Beatriz, Ivanda, Beleza, Graça Batista, Amparo, Jesus,
as filhas do seu Mundico Lopes, Maria, Ana e Geni, Graça Cardoso, a Antonieta e
a Rosimar, a Iraci, a Dilce, as minhas primas Arlete e Benedita Maria, e os
marmanjos: Joel e Joil, o Itamar, o Louro e o Fran, o Nelson, o Souza Lima, o
Volmar. O Zé Queimado, o Ariston, o Paulo do João Padeiro.E mais: João Paulo,
Jonas, Áurea, Simplícia, Maria Sílvia, Sinforosa, Toinha Félix, Raimunda
Lucena, Neguinho do Zeza, José Elias, José Alcides, Antônio Lucena, Edélsio e
Gilberto do Sebastião, meus primos Almeidinha e Múcio, a Mundinha, a Joarezita.
Idades
e mundos distintos, mas estávamos todos atravessando os anos, vivendo
aventuras: os inesquecíveis pic-nics que a gente faziana Sombra, no Cajueiro,
na Boa Vista, na Trizidela, no Alto do Fogo; sempre se dava um jeito de sair da
visão dos pais, do controle deles, onde a gente pudesse ficar mais à vontade,
dançando aqueles bolerões que, quando se estava apaixonado e sofrendo por amor,
serviam para as garotas derramarem todas as lágrimas e nós, rapazes, ou melhor,
“frangotes”, consumirmos toda a bebida. Cerveja, conhaque, cinzano, cachaça, a gente não escolhia,
queria mais era esquecer e suportar aquelas paixões juvenis, tão sem sentido,
mas tão avassaladoras.
Alguns
comerciantes tinham ido embora e levado suas filhas jovens: Arlete,Iolete e
Janete do senhor Antoinzinho, seu Álvaro Bezerra tinha a Leolina, Leolice e Leovilma, seu Sebastião Viana também se fora e
levara suas filhas e filhos, a Iani e a Aidê, Joãozinho, Carlito, Celso, Sibá,
o Nilo fora antes; e tinham os jovens das Ruas dos Cazé e dos Cardoso. É muita
gente, mas em algum momento essas pessoas vivenciaram um pouco desta história
de nossa inesquecível São Domingos, naquele tempo feita muito mais de sinhôs do
que de realidade.
Tinha
o uso das saias plissadas por parte das meninas e a camisa volta ao mundo e
sapatos Vulcabrás por parte dos garotos. Brilhantina Glostora no cabelo, pente
Flamengo no bolso da camisa; as meninas começavam a enfrentar a contrariedade
tanto paterna quanto materna com suas proibições: calça comprida, nem pensar,
muito menos andar de bicicleta, isso é coisa pra homem.
A
noite fervilhava na praça. Eu cursava o Ginasial, e a Escola Pio XII funcionava
no Grupo Escolar Deputado Moreira Lima, e as aulas eram noturnas. E as
professoras Edelves, as irmãs Delza e Elza, Dona Olga, a Eunice Raposo e o
professor de matemática José
Alberto. E tinha também a Socorro
Leite, que pelo seu tamanho era chamada
carinhosamente de Socorrona. Também lecionaram ali seu Zé Carlos e sua esposa,
dona Terezinha, ele gerente das Casas Pernambucanas.
O
Zé Lotenga e sua esposa Regina, além de agenciarem linha de ônibus, instalaram
naquele lado da praça uma lanchonete e bar ao mesmo tempo. Nós, jovens
estudantes, no recreio, quando saíamos mais cedo, antes das aulas começarem ou
mesmo matando aulas, lotávamos a lanchonete porque serviam lanches diferentes e
mais sofisticados do que os “pão com refresco” a que estávamos acostumados.
E
tinha uma tal de “meladinha”, que nada mais era do que cachaça com mel, mas bem
preparada, com cravo-da-índia e nas doses certas de cada um dos dois
ingredientes, de forma que descia redonda, mas se a gente exagerasse e se
deixasse levar pelo sabor, saía trocando as pernas, meio lá e meio cá, pra não
chamar de
gambá.
(DO LIVRO CRÔNICAS DO PUCUMÃ – memórias
e histórias)
Altas
horas na pista de skate
–
É nóis na fita, mano!
–
É, mas fica esperto. Olha lá os homens...
O
carro da polícia contornou lentamente a pracinha, quase parou, pegou uma rua à
direita e seguiu sua ronda. Antes, os policiais conversaram entre si:
–
E aí, vamos chegar na garotada – falou
um militar de cor clara, barba feita, bigodinho aparado, sentado no banco do
carona.
O
motorista da viatura, um gordo de cabelos negros e divisas de sargento, foi
quem respondeu:
–
Esses manés não estão com nada. Tão só fumando crack. Vamos pra vila.
A
garotada eram os seis jovens que ali na praça se entupiam da droga. Neneca
roubava a própria mãe. O Zé Carlos tinha saído da cadeia há dois meses. Ficara
só quinze dias em cana, a polícia deu um flagrante nele traficando maconha.
Esse
outro aqui tem o apelido de Sabiá. Fica andando de um lado para outro, sempre
inquieto e angustiado. Nestes momentos, solta uma espécie de assovio, daí o
apelido.
O
Toupeira, coitado, estava se acabando. Foi expulso de casa pelo pai. O cara
tinha roubado joias e dinheiro da avó e da mãe. Agora estava dormindo debaixo
da marquise de uma escola do bairro. Durante o dia ele e o Mendigo batiam
pernas pelas ruas. Catavam latinhas, plásticos, papelão, sucatas de todo tipo
pra vender. Também iam às bocas de fumo da vila comprar maconha e crack pra si
e para outros viciados com algum dinheiro.
Outro
dia, Topeira e Mendigo estavam voltando da vila. Traziam uma buchinha de
maconha, coisa de uns vinte reais, quando um carro da polícia entrou na viela
em que se encontravam. Os dois se entreolharam amedrontados e olharam para o
beco sem saída.
Os
policiais eram quatro. Dois desceram do carro e, encontrando o bagulho com os
babacas, obrigaram o Toupeira engolir o fumo, cobriram o Mendigo de porrada, e
o coitado saiu de lá em companhia do Toupeira quase se arrastando, enquanto a
viatura policial se foi cantando pneus.
Completava
o grupo uma menina meio barra pesada, a Mari. Nem aparentava os quinze anos,
sua idade verdadeira, parecia mais velha. Várias vezes entrou em locais só
permitidos aos maiores de dezoito anos. O Zé Carlos, Toupeira, Mendigo, Sabiá,
o Neneca e a Mari. Neneca, Zé Carlos, Sabiá, Mendigo, Toupeira e a Mari. Essa
turma estava sempre junta e só aprontava.
Onze
da noite de uma sexta-feira de setembro a pracinha está fervendo. Chovera bastante
à tarde, e agora havia um friozinho gostoso embalando aquela turma
suficientemente inspirada de tanta ânsia e sofreguidão.
Rolava
um fuminho, de leve. O mais era vodca com energético. E curtição, o maior
sarro. Aquela patota de seis agora somava mais de trinta garotos e garotas. A
maioria havia chegado na última meia hora. Skatistas com seus ditos cujos
debaixo dos braços que se aproximavam e se atracavam em tudo o que estava
rolando: fumo, álcool, garotas.
Quem
chegava ia trazendo isso e mais aquilo. Até carne, salsichão e frango pintaram
no pedaço. Do nada fizeram um fogo, como nossos ancestrais, e assaram um
churrasco de responsa. Ficavam espalhados na pista de skate, nos bancos da
praça, na grama do chão.
–
Pô, Rafa, aquela mina era demais.
–
Nem te conto. Deu o maior caô com o velho da Glori.
–
É, a mina é uma princesa, cara.
–
Só se for do funk.
Às
vezes passava uma viatura da polícia, devagarzinho, os milicos no carro só
olhavam, também estavam curtindo a deles e seguiam em frente.
–
Tu deixou apagar o bagulho, lóki? – isso era o Toupeira falando, com essa sua
maldita mania de encerrar as frases sempre com um lóki interrogativo.
–
Tu tá louco, mané? Os homens passando bem aí, tu queria o que? – quem respondeu
foi o Sabiá, e assoviou enquanto falava.
–
Ah, vão se catar.
–
Não conversa, cara, tá aqui o fogo, acende logo essa ponta.
Zé
Carlos acendeu uma ponta mixuruca, deu umas duas tragadas e passou em frente. O
Mendigo segurou com as pontas dos dedos: era quase só brasa o que antes era um
respeitado cigarro de maconha.
Alguém
tinha ligado um som nas alturas. Umas bandas podres faziam um barulho de
britadeira. Todo mundo bebendo, fumando, falando alto, uma doideira só.
Mais
que chapado, o Mendigo aproveitou um skate emprestado e ficou fazendo firulas
na pista. O Sabiá, esse sim, fazia manobras radicais. Todos ficaram admirando
sua evolução na pista: ele tirou de letra um no grab e depois emendou um fakietofakie
900 sensacional que fez a galera delirar e aplaudir.
–
Que manero, mano!
–
Uau!, essa foi demais.
–
Arrasou, fiufiu!
Foi
o que bastou para o Sabiá ganhar a Glori que, pra lá de bêbada, veio com uns
meios soluços se grudando no cara.
–
Bah!,Sabi, tu é fera mesmo...
–
Puta que pariu, lá vem o Subvinte.
O
Subvinte chegou sacolejando sua grade de ossos. Ninguém sabia como uma pessoa
podia secar tanto em tão pouco tempo. Mas todo mundo sabia e comentava que
aquilo só podia ser o efeito do crack. E o apelido pegou porque quando
perguntaram sua idade foi assim que respondeu:
–
Minha idade? Subvinte...
O
Sub tinha vindo da Paraíba, mas estava na cara que ele tinha mais ou menos uns
vinte e dois ou vinte e três anos de idade, e trabalhava numa obra como
ajudante de pedreiro. Era um cara contente e satisfeito com seu skate de
segunda mão debaixo do braço, mesmo arfando e sumindo era feliz, bebia e comia
uma coxa de frango, assada pela moçada naquele fogo de chão improvisado numa
pracinha com pista de skate que, a cada dia, bombava mais.
Tinha
ali neguinho da Vila Jardim e do IAPI, do Passo da Areia e da Chácara das
Pedras, era o pessoal da Zona Norte, da Baltazar e do Jardim Itu-Sabará...
Duas
da matina e nenhum sossego à vista. A galera, ali na pracinha, continuava
pintando e bordando. Uma verdadeira democracia de prazeres fugazes e de paixões
passageiras, mas avassaladoras, da droga da moda nessas camadas de desvalidos.
Não
tão longe de nossos bairros de classe média e alta a guerra do tráfico é como
um rastilho de pólvora. A gente sente que vai tudo ser queimado. Não importa. O
garotão matusca e bem vestido, que chega pilotando uma Hilux, novinha, doidão,
fissurado, fala trêmulo:
–
Deixa eu dar um peguinha...
–
Aí ó, sem grana não tem fumo, malandro.
O
pinta bate as mãos nos bolsos e arranca de lá uma nota de vinte mangos que vai parar na mão do Toupeira e este lhe
alcança o fumo para um baseado. Baseado não, um fino de cadeia.
–
E agora sai fora, meu irmão, esse teu carro é muito bandeiroso – disse o Zé
Carlos, dando um tapa na vodca com energético direto do gargalo. Naquela hora
avançada ninguém se importava mais com copo nem com porra nenhuma.
–
É, se os homens passam por aqui e vêem um carro desse vão pensar que a gente
puxou a máquina – era o Mendigo falando com ares de sabedoria.
O
Neneca quase não falava, mas agora também achou por bem se manifestar:
–
Fecha essa matraca, Mendigo. Vai lá no mocó e vê se cata uma pedra ou um fumo
lá pra gente.
–
Que pedra, mano, já queimamos tudo...
Em
seguida, na roda, passam uma guimba da erva queimando os dedos, cada um dá dois
ou três pegas e já era. O nevoeiro da quase manhã silencia o lugar. Só restam
garrafas quebradas, cinzas, tocos de cigarro, maços vazios, um ou dois
escornados nos bancos da praça.
Tipo
o Mendigo. De manhã, aí por volta das nove horas, ele se dana a bater pernas
pelas ruas do bairro, juntando tudo o que encontra pela frente e que possa ser
transformado. Primeiro, em dinheiro. E depois em rango, e droga. Papelão,
latinhas, garrafas pet, fios de cobre, arame, ferro. Comida do lixo, não. Ao
Mendigo ainda lhe sobra um pouco, mas só um pouco mesmo, de dignidade humana.
Espera
sair daquela vida. É instruído. Conversa sobre vários assuntos. Já poderia ter
deixado aquela vida de cachorro vira-lata, ou nem teria entrado não fosse o
vício da pedra maldita.
Por
isso é bem aceito no grupo. Faz pequenos favores, corre ali, corre pra lá, vai
nas bocas descolar um fuminho pra alguém, quase sempre em troca de um mísero
baseado.
Passam
das três da madrugada. Já tem nego capotado no banco da praça. Caiu cedo. A
Glori se grudou no Sabiá e lá se foram sabe Deus pra onde.
Jovenzinho
louro, com cara de bebê, sentava ali curtindo o som da Família Sarará no seu
mp3. Garotas descoladas, magrinhas, ficavam com os olhos avermelhados com dois
ou três pegas no mato santo. É. Uns chamam de erva maldita; outros, de mato
santo.
E
segue a madrugada. E rola o som. E desce a birita. E sobe a fumaça da maconha.
A
Suzi tem vinte e dois anos e é a garota do Zé Carlos. Mora sozinha num quarto
de pensão. Depois que seus pais se separaram, ficou em companhia da mãe até
esta arranjar um novo parceiro. Ela não estava se dando bem com o padrasto e
achou melhor procurar o seu rumo. Sua mãe chorou e esperneou para ela não fazer
aquilo, não sair de casa.
–
Mãe, não faz drama, pô. Eu só estou mudando de casa. Só isso. E, depois, mesmo
morando aqui a gente quase não se vê e não se fala, que diferença faz?
–
Está bem, Suzana, a casa é tua também e quando quiser voltar a porta está
sempre aberta.
Suzana,
chamada pelos colegas de Suzi, logologo estaria sendo chamada de Su e, quem
sabe, depois só de S. A juventude em breve não precisará mais de palavras para
se comunicar. E para que se comunicar? Isto também não faz mais muito sentido.
Até porque não se tem nada para falar, uma vez que quase nunca se cumpre o que
se fala. Uma vida apenas virtual, e com ícones. E isso basta.
Quem
fica pensando essas coisas é o coitado de um pé rapado que atende pela alcunha
de Poeta e que, vira e mexe, se chega na pracinha e fica vendo e ouvindo aquela
turma de jovens bagunceiros. Conversa com eles. Até dá uns tapas no bagulho,
mas só de vez quando. E o Poeta fala:
–
E aí, Su, tranquila? Você está aonde agora?
–
Ah, Poeta, aluguei um quarto de pensão e estou me virando, trabalhando pra ser
exata.
–
É, a vida está dura...
–
Só. Dura e foda.
O
Subvinte apontou a rua com o queixo, dizendo:
–
Ih!, sujou, olha a viatura, ela vem nessa.
Dito
e feito. Um carro da polícia parou ali defronte a pista de skate e desceram
quatro meganhas. Chegaram de boa, disseram que os moradores do condomínio de
luxo estavam incomodados com a altura do som e a barulheira que a turma fazia.
Mas
como não havia nem arma nem droga pesada com aquela molecada, exceto uns dois
ou três baseados que foram confiscados, eles deram uma bronca de agá e mandaram
os carinhas sair fora e também se foram.
O
dia estava amanhecendo entre o nevoeiro, no pico das cinco da matina, o Zé
Carlos falou, animado, levantando o astral da moçada, que havia caído um pouco
com a presença da polícia:
–
Pô!, galera, tem uma ravemalucaça no Sítio do Jonas. Tá rolando desde ontem.
Três dias de zoeira, só vai terminar amanhã, se não pintar sujeira.
No
que ele terminou a frase, foi aquele auê. As garotas pulavam, rindo, se
abraçavam, ficou todo mundo ouriçado de novo.
–
Vamos lá!
–
É isso aí...
–
Tamo esperando o quê?
–
Vai táestouradaça essa rave!
Saíram
todos a um só tempo no maior agito e falação. Uns de moto com as gatas na
carona, outros de bike e alguns deslizando em seus skates no asfalto negro e o
resto saiu a pé, de arrasto, como deu, e sumiram naquela névoa da manhã. E
ainda era setembro.
(Do livro de contos inédito Pedaços de Alberto Caronte)
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