Quero aqui narrar alguns casos pitorescos de loucos, que protagonizaram cenas hilárias, mas que na verdade foram atitudes por demais inteligentes. Mas antes, quero apresentar ao leitor, o psiquiatra baiano, Juliano Moreira (1873-1933), o criador do método da psicoterapia pelo trabalho, para tratamento humanizado dos doentes mentais.À época em que esteve como diretor no Hospício Nacional dos Alienados (1903-1930), no Rio de Janeiro, então capital da República, provocou mudanças na estrutura física do hospital e estabeleceu novos modelos assistenciais no interior dos hospícios. Criou laboratórios dentro dos hospitais e introduziu a técnica de punção lombar e do exame céfalo-raquidiano como diagnóstico neurológico.
João Suassuna, pai do escritor Ariano Suassuna, quando governador da Paraíba (1924-1929), construiu um hospital para usar o método de Juliano Moreira, e assim, dar aos doentes mentais um tratamento humanizado. Terminada a obra do hospital, o governador convidou o próprio Juliano Moreira para se fazer presente no ato de inauguração. O Governo adquiriu vários carrinhos de mão, para que os pacientes carregassem pedras no ato solene. Na fila dos pacientes que empurravam os carrinhos, o governador percebeu que um deles que levava o carrinho emborcado. Pacientemente, o governador vai até o paciente e explica que o carrinho deveria ficar na posição inversa, ao que o paciente respondeu:” Eu sei, doutor, mas se eu colocar na posição certa, vão encher de pedras para eu carregar”.
No ano de 1951, logo após as eleições para governador, no Estado do Maranhão, houve uma revolta popular em São Luís, que ficou conhecida como “ a greve de 51”. O motivo da revolta, era porque o candidato da oposição, Saturnino Belo, morrera de um ataque cardíaco, logo após o resultado da eleição, que lhe foi desfavorável. Porém, o resultado das urnas foi contestado, pois suspeitava-se de fraudes na contagem dos votos, o que no Maranhão de outrora era algo comum, sempre para beneficiar o candidato da situação.
O povo da capital se revoltou, organizou uma marcha rumo ao Palácio dos Leões, mas precisavam de um “herói” que fosse à frente segurando a bandeira do Maranhão. Como ninguém se habilitou, escolheram um sujeito, doente mental, conhecido pela alcunha de “Bota pra Moer”, que de prontidão, aceitou a missão. Assim marchava o povo, rumo aos Leões, para cercar a sede do Governo e exigir novas eleições. “Bota pra Moer”, conduzia a multidão, que o seguia, cheia de fúria. Ao chegarem próximo ao palácio, o ex-senador, Vitorino Freire, havia mandado a Polícia cercar o prédio, estavam lá vários soldados portando fuzis, baionetas e outras armas. “Bota pra Moer”, ao ver aquela cena, entregou a bandeira ao primeiro que avistou e disse: “Até aqui eu trouxe, daqui para frente, procurem um mais doido do que eu”.
Em Bacabal, tinha o Burica, que era considerado doido, mas que sabia usar o juízo para ir vivendo sem trabalhar. Ele vivia de pedir trocados a um e a outro, e as pessoas para zombar dele, sempre colocavam cédulas de baixo valor e outras de valor maior para ele escolher. Ele sempre escolhia as cédulas de menor valor, e esse ato gerava gargalhadas e diversão dos que caçoavam dele.
Depois de muitos anos, alguém perguntou ao Burica
: - Por que você sempre escolhe as cédulas de menor valor”?. Burica, sabiamente respondeu: “ No dia que eu escolher as grandes, eles deixarão de me dar dinheiro!”.
Agora, deem licença, que eu vou ali tomar o meu Gardenal!
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