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Diane Pereira a maranhense que rodou o mundo e hoje ajuda a transformar a vida de jovens no MA

Diane Sousa nasceu em São Bento, cidade com pouco mais de 45 mil habitantes localizada na Baixada Maranhense. Foi ali, no interior do Maranhão, que ela deu seus primeiros passos para mudar não só a própria história, como a de muitos ao seu redor.

Ela conseguiu ingressar no concorrido CEMP, centro de ensino médio profissionalizante criado pela ONG Formação. Diane fez técnico em informática e protagonizou uma pequena greve entre os estudantes do curso. Eles queriam, mais do que aprender a teoria, usar mais os computadores da escola. "A gente fechou o acesso da nossa sala, botou cadeira na porta, fez um auê danado. Só que a diretora acabou com tudo e nossa punição foi limpar o centro cultural da cidade. Lá, o instituto Formação estava organizando uma feira cultural", lembra.

Esse foi seu primeiro contato com a organização que transformaria sua vida. A Formação atua em nove municípios da região da Baixada Campos e Lagos Maranhenses por meio de ações centradas "no desenvolvimento sustentável do território por meio do protagonismo juvenil".

Mas foi só por meio do convite de um amigo que ela conheceu os projetos sociais da ONG e se tornou uma beneficiária. "Passei a participar das ações de formação cidadã da organização. Existiam várias áreas de formação, mas como eu sempre gostei de futebol, fui pra área de esporte", conta ela, que integrou o time de curadoras de Ecoa nos últimos meses.

Com o futebol, a corintiana Diane foi convidada a viajar para o Chile para jogar um campeonato em 2008. "Nosso time era de seis pessoas, três meninos e três meninas", explica.

O esporte a levou, também, para outros dois continentes. Ela foi indicada pela ONG para fazer um intercâmbio na Alemanha e depois para um festival na área de responsabilidade social da FIFA na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010.

"Na Alemanha eu já estava fazendo uma travessia de beneficiária para monitora do projeto, replicando o que tinha aprendido para outros jovens. Então, assim que voltei da África do Sul, a Formação me ligou para saber se eu queria começar a trabalhar com eles", lembra.

Quando passou a integrar profissionalmente a ONG, Diane tinha apenas 17 anos. Apesar da experiência internacional, ainda era uma criança do interior se mudando para uma cidade grande como São Luís, local da sede da organização. Foi nesse período, como ela gosta de pontuar, que começou sua atuação dentro do universo do empreendedorismo social.

"Quando cheguei na Formação para ser monitora todo mundo era formado, e eu nem estava na universidade ainda. Eu tinha muitos sonhos, muitas perspectivas legais, mas estava tentando me encaixar". Hoje, Diane é formada em direito e mestre em direitos humanos pela Universidade Pablo de Olavide, na Espanha. Foi, inclusive, durante o mestrado, em 2018, que ela foi reconhecida como empreendedora social pela organização Ashoka.

Para tirar seus projetos do papel e colocá-los em prática, a ONG Formação trabalha com grupos de estudo para mapear quais são as necessidades da comunidade onde vão atuar e, então, elaborar políticas de inclusão de longo prazo. Esses grupos são chamados de incubadoras. A ideia é que os projetos sejam feitos em contato direto com as comunidades para que atendam, verdadeiramente, suas demandas.

Assim, quando passou a trabalhar pela ONG, Diane identificou a falta de um grupo como esse voltado ao esporte e decidiu criá-lo. Um dos resultados da criação da incubadora foi o desenvolvimento das quadras móveis. "Aqui no Maranhão as escolas não são um espaço completo e tudo o que a gente escutava era que não tinha espaço próprio para as crianças brincarem, jogarem e aprenderem. Com base nisso, fiz uma proposta de criar uma quadra móvel", explica.

Como o próprio nome já diz, as quadras móveis são quadras que podem ser levadas de um lugar para o outro. Um carro da própria ONG foi usado no início para que o projeto chegasse a diversas escolas. Chamada Quadra Bolação, a iniciativa foi inaugurada em 2013 com o apoio do Unicef, entidade parceira da Formação, e conseguiu percorrer de São Bento, no Maranhão, até o Maracanã, no Rio de Janeiro.

A ideia deu tão certo que a empresa de tecnologia Sony, patrocinadora da Copa do Mundo FIFA de 2014, ganhou o direito de produção das quadras com a autorização da Formação. "Tudo que surge das incubadoras é dentro dessa perspectiva estruturante que não é só a curto prazo, mas é também para causar um impacto a longo prazo", explica Diane.

Depois que criou a incubadora, Diane foi convidada pelo Unicef para conceber mais um projeto. "A partir daí, tudo começa a mudar", conta. Assim, nasceu a Escola de Mediação que, como explica a empreendedora social, trata-se de um programa que tem uma metodologia de formação de jovens para se tornarem líderes.

Após ver de perto o impacto que o instituto teve na vida de Diane, sua prima Helen Byanca Sousa Carvalho se inscreveu para participar do projeto em 2019 e se tornou uma de suas beneficiárias. "Eu vejo a Escola como uma etapa muito importante para o meu desenvolvimento", conta.

Durante o período em que fez parte do projeto, Helen participou de atividades que abordaram desde temas ligados aos direitos humanos até oficinas de comunicação educativa. "Eles experimentam como é organizar eventos, dão oficinas para as escolas, participam de reuniões, criam exposições. Realmente vivenciam como é uma vida no terceiro setor enquanto organização da sociedade civil", explica Diane.

Entre as atividades e formações oferecidas pela Escola de Mediação está a aplicação da metodologia educativa conhecida como Futebol 3. O regulamento, que já faz parte da ONG Formação, aborda o futebol, disputado entre meninos e meninas, em três etapas: a criação de regras, o jogo e a discussão sobre a partida.

"A gente levou essa metodologia para uma escola pública no bairro do Coroadinho, na periferia de São Luís, e ali a gente acabou tendo a possibilidade de passar aquele conhecimento que a gente adquiriu na Escola para outros adolescentes. Eles, provavelmente, vão passar para outros e isso é muito interessante", comenta Helen.

Fonte: Uol

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