De 1971 a 1974, principalmente os compositores João
Augusto, Acylino José, José Oscar, Ronaldo Mota e Luis Alfredo, se reuniam
diariamente a noite para estudar (depois do namoro), primeiro na casa de José
Oscar e depois no PRÉ (sala de aulas no prédio do Sr. Oscar).
Freqüentemente, quando estavam esgotados de tanto estudar, saiam no Corcel
branco de capô preto (pois todo o instrumental já vivia na mala do carro)
de José Oscar, para os bares da praia do Olho D´Água para cantarem
e comporem as músicas do Grupo MUSA. No bar juntavam os trocados de
cada um, cantavam e compunham, regados a cerveja e pescada amarela frita com
farofa.
As canções anteriormente feitas pela dupla João
Augusto e Acylino José, depois acrescidos de José
Oscar, também foram, juntas com as composições de Ronaldo Mota,
e acrescidas as apresentações do Grupo MUSA.
Em 1972 houve um festival de música no Colégio Dom Bosco,
onde o Grupo MUSA participou em parceria com um grupo de
alunas do colégio e venceu o festival com a música CIUMENTA de João
Augusto, Acylino José, José Oscar e Ronaldo Mota.
O Grupo MUSA participou de vários eventos
culturais, como da 1ª FEIRA DA MANDIOCA, patrocinada pelo Departamento
de Cultura da Secretaria de Educação e Ação Comunitária, da Prefeitura de
São Luís. A TRILHA SONORA VERDE DA MANDIOCA MARROM foi composta por Ronaldo
Mota, Acylino José, João Augusto, Giordano Mochel (participação especial)
e José Oscar, com coreografia de Reinaldo Faray (Academia
Maranhense de Ballet) e direção geral de Leda Nascimento. A apresentação
ocorreu no auditório da Escola de Agronomia. Outro evento cultural da
Secretaria foi o lançamento da FESTA DA JUÇARA no Maracanã. O tema da
festa, denominado JUÇARA-Ê foi composto por Acylino José, João Augusto,
José Oscar, Luis Alfredo e Ronaldo Mota. Naquela época a
secretaria era a engª Rosa Mochel, professora da Escola de Engenharia do
Maranhão, que se tornou madrinha do Grupo (São Luís, 1973).
Talvez o maior desafio do Grupo tenha sido
o pedido da profª Rosa Mochel para que elaborássemos o texto da peça SÃO
LUÍS - UMA VIAGEM DE VOLTA ÀS ORIGENS, sobre a fundação de São Luís, que foi
encenada no Teatro Artur Azevedo, na semana dos 361 anos de fundação da cidade.
O texto da peça foi escrito por Acylino José, João Augusto e Ronaldo
Mota. A direção do espetáculo ficou a cargo de Reinaldo Faray, que
contou com o corpo de baile, atores e atrizes de sua companhia. O patrocínio
foi do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal, cujo prefeito era o engº
Haroldo Tavares, professor e primeiro diretor da Escola de Engenharia do
Maranhão (São Luís, 1973).
Aquela era uma época muito propícia às apresentações
do Grupo MUSA, pois era um dos poucos atuantes na cultura musical
local. O MUSA só cantava músicas dos seus compositores e
misturava instrumentos eletrônicos e regionais. A influência da Bossa Nova, da
MPB, da época dos Festivais e da cultura regional eram uma constante. Fizemos
vários shows memoráveis e frenéticos no Teatro Artur Azevedo e em outros
palcos. Com direção de Reinaldo Faray e participação do seu grupo de ballet,
dividimos o palco do Teatro no show SONS E FORMAS, que foi inclusive
apresentado em Belém na época da Festa do Círio de Nazaré (Belém, 1973).
A fase dos shows e a própria existência do MUSA,
culmina com o show COISAS NOSSAS produzido pelo Grupo e apresentado além do
Teatro Artur Azevedo, no Clube do Congresso em Brasília, na programação da
FESTA DOS ESTADOS (Brasília, 1974). Participaram do show Acylino José,
João Augusto, José Oscar, Luis Alfredo, Luiz Mochel e Ronaldo Mota. O
show tinha como enredo a cultura maranhense, indo do Bumba-Meu-Boi ao
Tambor de Mina. Afinal, naquela época éramos o único movimento de pesquisa
e resgate da Música Popular Maranhense.
Na viagem de Estágio Supervisionado (1974) da turma de 1970
de Engenharia Civil, os formando, incluindo o Grupo MUSA, levaram
todos os instrumentos e tocavam nos bares por onde a turma passava. Em Recife,
no Restaurante Jangadeiro em Boa Viagem, a noitada foi animada. Lá pelas tantas
um cara se apresentou como um dos diretores da Globo Nordeste, pagou toda a
nossa conta e nos deu um cartão para procurarmos o pessoal do Fantástico no
Rio. Lá chegando fomos para a Casa do estudante na Lapa, revendo
os parentes e curtindo a boemia da cidade, ninguém foi a Globo. Esse
lado despretensioso de fazer um trabalho quase só para seu deleite,
caracterizou o MUSA, tanto que são poucos os registros que foram
guardados dessa época. Com a conclusão do curso em dezembro de 1974, o Grupo foi
desfeito, indo Luis Alfredo e Acylino José trabalhar
na CAESB em Brasília, José Oscar trabalhar na Serveng Civilsan
em Brasília, João Augusto fazer o mestrado no Instituto de
Energia Atômica de São Paulo e Ronaldo Mota foi fazer mestrado
no Rio. Dos componentes do MUSA somente Ronaldo Mota se
dedicou totalmente a música e ao teatro. Autor do clássico "Boi de
Catirina", ainda hoje Ronaldo Mota vive no Rio. Luis
Alfredo brinca que um dia vamos vê-lo no Fantástico, mas ele já
trabalhou até em novelas da Globo. Acylino José mora em
Brasília, enquanto João Augusto, José Oscar, Luis Alfredo e Luiz
Mochel, acabaram voltando pra São Luís.
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