Inspirada pelo recente convite para participar de uma
entrevista televisiva sobre o tema “NUNCA É TARDE: É POSSÍVEL ALCANÇAR O
SUCESSO DEPOIS DOS 40!”, decidi redigir este artigo fruto de coleta de dados,
de estudos e de experiências, inclusive a minha própria.
A população brasileira está envelhecendo; será que isso é
verdade mesmo? Observemos o gráfico abaixo, que apresenta um comparativo
referente à população brasileira entre os anos de 2012 e 2019; em apenas sete
anos, vemos claramente uma diminuição expressiva entre o quantitativo de
brasileiros de 0 a 34 anos, e o crescimento da população entre 35 e a partir de
80 anos. O índice de envelhecimento, que é o resultado da razão entre idosos e
jovens, vem aumentando.
Penso, entretanto, que ainda mais impactante do que o comparativo
anterior, é a comparação entre as pirâmides populacionais de 1985 e a da
projeção para 2085 – vide ilustração abaixo – que nos apresenta a inversão de
concentração populacional de alguns níveis da pirâmide. Não há como questionar:
estamos envelhecendo!
Mas quais seriam algumas consequências desse envelhecendo?
A expectativa de viver por mais tempo e com qualidade faz com que aflorem
desejos e necessidades, outrora impensáveis. A percepção sobre nossos limites
mudou e muitos tem aproveitado isso em diversas áreas ou dimensões da sua vida.
Estamos nos permitindo sonhar e buscar realizar nossos sonhos. Vejamos algumas notícias:
“Todos os anos, atraso de estudantes, vendedores
ambulantes de material escolar e ansiedade são motivos de pauta para as mídias.
Mas, o ENEM de 2014 apresentou uma novidade: mais de 15 mil inscritos têm mais
de 60 anos.”, diz a matéria do CAMPREV – Instituto de Previdência Social do
Município de Campinas.
“Brasileiros com mais de 60 anos sentem-se
mais jovens do que idade real.”
https://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,brasileiros-com-mais-de-60-anos-sentem-se-mais-jovens-do-que-idade-real,70002640563
As notícias mostram que chegar à terceira idade com
qualidade de vida traz um ressignificado ao que se chamava velhice. E quando percebemos
essa possibilidade, começamos a modificar nossa forma de pensar e de agir; não
apenas no que se refere a lazer, mas, também, na forma como encaramos nosso
trabalho e nossa carreira.
É bem verdade que muitas pessoas, mesmo depois dos 60 anos,
trabalham por necessidade, haja vista a aposentadoria não ser suficiente para
cobrir os gastos, precisarem sustentar financeiramente filhos e netos, ou por
outras razões, alheias à sua vontade. Mas muitos também o fazem pelo prazer de se
sentirem ativos e produtivos, pela oportunidade de estarem com outras pessoas
ou pelo sentimento mais forte de realização.
A partir dos 40 ou 50, muitos de nós já criamos os filhos;
pois pertencemos a gerações onde casávamos ainda muito jovens. Queremos a
chance de priorizar nosso bem-estar, nossa liberdade, nossa saúde física e
emocional. E isso provoca um certo encorajamento em mudar de trabalho, de
profissão e de carreira. Eu sou um exemplo disso! Aos 48 anos, decidi buscar o
que entendi como meu propósito de vida; e iniciei, então, uma transição de
carreira, que durou três anos, e que me permitiu passar de executiva da CAIXA
(Caixa Econômica Federal) a empreendedora.
Uma pergunta recorrente que me é feita diz respeito a como mudar
de carreira. Seria simplesmente encerrar a atual e tentar iniciar uma nova
carreira? Sugiro que não! Afinal, se você entende que pode fazer essa opção,
sugiro que a faça da forma mais estruturada possível. E, para facilitar,
relacionei alguns passos importantes.
1.
Comece
pelo porquê
Muitas vezes nos preocupamos com o que temos que fazer –
com as ações a serem executadas. Mas se pretendemos tomar uma decisão e partir
pra sua busca, é necessário que entendamos quem seremos durante essa busca e
também a partir dessa realização.
É importante que você identifique o que lhe move a esse
alcance, examinando seus valores, suas necessidades, quem você precisa ou
gostaria que estivesse ao seu lado nessa caminhada e os possíveis obstáculos
que você irá enfrentar.
Uma análise de seu perfil comportamental lhe ajudará muito
nesse processo, lhe fazendo entender o que a nova atividade lhe exigirá versus
o que você mais facilmente já apresenta em seu comportamento, a exemplo da
necessidade ou não de correr riscos, de ampliar seu leque de relacionamento, de
trabalhar com metas e prazos, etc.
2.
Assuma
um compromisso com você mesmo e com o que tem que fazer
Lembre-se de que a decisão é sua e muitos, inclusive, não o
apoiarão nessa empreitada. Pessoas próximas e que lhe são caras podem tentar
lhe persuadir a desistir, por acharem que você correrá um risco desnecessário,
por temerem que não dê certo ou porque, se estivessem em seu lugar, não se
lançariam em um novo projeto. Por essa razão é tão importante o passo anterior
– estar bem certo de o porquê fazer a transição de carreira.
3.
Defina
as estratégias – como fazer
Quando se fala em estratégias, se fala em caminhos. Quais
caminhos precisarão ser trilhados? Você precisa construir a sua marca. No meu
caso, particularmente, precisava deixar de ser a Diana da CAIXA para ser a
Diana Gaspar. Alguns exemplos, a depender do que você queira alcançar, apontarão
necessidades como mais estudos, leituras, aprimoramento de habilidades, ampliação
de networking e interação em redes sociais.
Esteja ciente também da consequente sobrecarga de trabalho
e da necessidade de abrir parcialmente mão do lazer, da companhia de familiares
e amigos e do tempo para cuidar de si mesmo. Afinal, numa transição de
carreira, você terá que exercer as duas ao mesmo tempo – a que você vai
encerrar e a que você está iniciando.
Vale ressaltar que apesar de você intensificar algumas
dimensões da sua vida no período de transição, a exemplo do desenvolvimento
intelectual e do trabalho, é importante dedicar um mínimo de cuidado às demais,
como espiritualidade, equilíbrio emocional, amorosa, familiar, recursos
financeiros, dentre outras, para que você mantenha o equilíbrio.
4.
Planeje
– defina ações pragmáticas a serem executadas
Agora que você já sabe os caminhos a serem seguidos, é hora
de definir as ações que lhe permitirão trilhá-los. Essas ações precisam ser
pensadas e definidas de forma bem específica, considerando-se os efeitos que
cada uma delas provocará. O que, quando (não apenas o dia, mas o horário), de
que forma e com quem executá-las é imprescindível.
Lembra o que falamos no item anterior? Você precisa ter
ações relacionadas às suas diversas dimensões, em que pese a intensificação no
trabalho.
5.
Execute
seu planejamento com disciplina e celebre as pequenas conquistas
Se você passou pelos passos anteriores, tem consciência do
desafio a que se propôs; portanto, siga seu planejamento. E a cada pequena
realização, celebre. Você pode fazer isso de diversas maneiras, como com algo
diferente a comer, um cuidado maior com sua beleza, um momento de relaxamento
ou outra forma qualquer que lhe faça sentir que está se dando uma espécie de
mimo pelo alcance realizado. As pequenas celebrações nos encorajam a continuar
na busca do que podemos chamar de grande realização – a sua conclusão da
transição de carreira e o pleno exercício da nova.
6.
Avalie
sempre os resultados
Muito, porém nem tudo, estará sob seu controle. É
importante manter o foco e rever o planejamento de tempos em tempos. “Rode o
PDCA’, ou seja planeje, execute, verifique e aja, corrigindo o necessário.
Planejamento não pode ser inflexível; se as variáveis mudam ou novas aparecem,
é necessário corrigir o curso para alcançar o que queremos.
Acha que não é tão simples ir sozinho? Busque um coach para
lhe auxiliar e vá em frente!
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